terça-feira, 30 de setembro de 2014

Poetas vivem pouco?

Afirmo, um poeta é o que come
Sem gosto, não importa o nome
Sem suco de jaca, sem macarrão
Comidas sem sal benvindas serão

Sem açúcar branco, trigo e bolo
E mesmo “light” não será consolo,
Mas em poesia pode se esbaldar
Evite apenas excesso de Gullar.

Contudo se a vontade é extrema
Comer para viver, seja seu lema
Esqueça rodízio de churrascaria

Corra da frente dessa televisão
Dê muitas voltas no quarteirão
E vez ou outra vá à academia.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Voto útil


Penso em quem votar nessa eleição
Isso me causa certa dúvida profunda
Candidatos são muitos, gera confusão
Todos são bons, inclusive o corcunda.

Não existe os melhores, todos os são
Exaltam dons de segunda a segunda
A si próprios dizem sim, a outros não
Enquanto este país no caos afunda.

Contudo sufragar é minha obrigação,
Mas não vejo saída nessa barafunda
Que candidatos geram na televisão
E não tem como sair dessa rotunda.

Ao invés de ficar com o voto na mão,
Melhor é com o voto limpar a bunda.

domingo, 28 de setembro de 2014

Vírus

Dizem, amor não tem eira nem beira
Não lhe dão oportunidade, portanto,
Mais além, à sua particular maneira,
O amor se expande para todo canto.

Pois não adianta lhe fazer barreira
Porque ele tem seu valor, o quanto.
E mesmo aquele que não o queira,
Um dia será coberto com seu manto.

E ele virá de cavalo ou trem um dia
Se apossa do coração e da mente
Se preciso fosse muito mais o faria.

Porquanto todo mundo, toda gente
Sem o saber é só isso que queria
E no fundo todo mundo amor sente.

sábado, 27 de setembro de 2014

Quando a morte chegar

Quando vier a morte que seja indolor
Que venha em meu leito ou onde for
Que seja comum esse dia derradeiro
Como comum fora meu dia primeiro.

Que seja para sempre e nunca mais
Esse evento que a todos torna iguais
Pois para morte não há hora e lugar
E depois de morrer não vamos voltar.

Consolo, com a morte se vão os medos
Acabam-se, por outro lado, os enredos
Aquele que descansa nada mais sente.

E mesmo não sendo em vida um santo
Ele sempre deixa uma mãe em pranto
A lamentar, amar e sofrer eternamente.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Ignoto

O final da própria vida ninguém sabe
Ou quando estará deitado num caixão
Porém todos deste mundo o deixarão
Sem que, por causa disso, ele acabe!

Almas livres do corpo/cela, finalmente
Ao cosmo infinito flanando se alçarão
E se muitas almas forem outras virão
E o universo, neste caso, nada sente.

Então assim será por todas as eras
Pois viver para sempre não se espera
Porque compulsório que seja assim.

Enquanto aqui vivemos fomos alguém,
Como todos os seres o foram também,
Mas tudo se nivela quando chega o fim.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Vida e morte


Se de muita tristeza uma vida for,
Será melhor que seja breve, então
Porquanto viver não é escravidão
Onde impera um cruento desamor.

Viver é seguir breve luz matutina
Que justamente por ser tão breve
Toca-nos sutilmente, bem de leve,
Moldando o futuro de nossa sina.

Mas homem o destino não engana.
Lembre-se que vento dobra a cana,
E contudo quebra galho mais forte,

Vive melhor aquele que segue o rio
Sem imprudência de cometer desvio
Faz o destino, sem confiar na sorte.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Existir

Há aqueles que vivem a lamentar
Inquietos, pensamentos sombrios
Neste mundo não acham um lugar
Que não lhes acrescente calafrios.

À frente veem apenas dificuldades
Onde esta vida nada lhes facilita
Pois sequer contam com amizades
Que se aproximem nessa desdita.

Então se escondem no seu nicho
Esperando nunca serem notados
Vivem num mundo que não existe

Querendo mais ser igual a bicho
Daqueles que ficam só entocados
Amargando uma existência triste.

Homo stultus

Homem é dos bichos o mais estranho
Único que mata e destrói sem motivos
Mesmo que não resulte nenhum ganho,
É um carrasco maldoso dos seres vivos.

É o bicho mais perigoso deste Planeta
Inventa sempre novas formas de matar
E não existe maldade que não cometa
Em todo o tempo e em qualquer lugar.

Além de tudo é o bicho mais traiçoeiro
Embora aos ventos se anuncie humano
Se a farinha é pouca seu pirão primeiro
E todos os demais que entrem pelo cano.

Como seu deus maior apenas o dinheiro
Num egotismo agressivo assaz insano.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Homo

Pois vivemos nesse mundo estranho
Onde cada um se considera uma ilha
Que nos parece certo pensar tacanho
Sem congraçamento ou mera partilha.

Vale pensar que Homo e seus irmãos
Por qualquer coisinha fazem guerra
Sem cogitar em apertarem suas mãos
Brigam, morrem e toda gente se ferra

Um mundo vasto e sem algum respeito
No qual não se reconhece um sorriso
Em que bons homens ficam sem jeito
E acabam pra sempre perdendo o siso.

Esse homem não sabe praquê foi feito
Por isso um dia desprezou o paraíso.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O último vate

Ser o último poeta eu gostaria
O derradeiro espécime da raça
Construir tão somente poesia
Um ofertório a todos de graça.

Andaria por estrada como aedo
Enfrentado feliz minha solidão
Sem o trauma ansioso do medo
Sem ligar para que outros são.

Um dia de cada vez eu viveria
Aproveitando tudo no caminho
A solidão companheira seria
Para que não andasse sozinho.

Pois então toda minha energia
Gastaria num viver comezinho.

domingo, 21 de setembro de 2014

Literatice

Não termo neutro que sentido oblitera
Mas palavra positiva no sentir e falar
Que quando estimulada como fera
A nós ataca diretamente na jugular.

Termo de solilóquio para mim já era
Palavra vazia de notação rudimentar
Pois da linha escrita mais se espera
Que um naturalmente mero versejar.

Há também linha cheia de quimera 
Porque para tudo se encontra lugar
Se real sentido assim não degenera.

Perguntamos então por que rotular
Quando se está escrevendo à vera
Não criando literatura espetacular.

sábado, 20 de setembro de 2014

Vivendo

Maldito espelho diz que envelheço
Que esmaece tonicidade muscular
Talvez tal senilidade seja o preço
Que todo vivente terá que pagar.

A degradação corporal é o começo
Duma velhice que está prá chegar
E não há como conservar em gesso
Aura de saúde plena, espetacular.

Sequer adianta virar pelo avesso
Tentando desse modo saúde salvar
Assim ofegante respirando opresso
Cansado, encostado num espaldar.

Então descubro que tudo mereço
Pois aqui não estamos para ficar.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Mia Couto

António Emílio Leite Couto, é Mia
Um biólogo moçambicano estelar
Com idioma tem perfeita sintonia
Sua própria grafia costuma criar.

Tanto é que seu texto vira poesia
De palavras que fogem do vulgar
Que mágica esse autor inventaria
Pra ser o Guimarães de além mar?

Fico mesmerizado com a ousadia
Que esse escritor tem pra mostrar
Sem ele a Flor do Lácio não seria
Esse pródigo idioma tão peculiar.

Couto como príncipe da sinestesia
Instiga todo tempo a gente pensar.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Cada um tem o diabo que merece


O cristianismo caminhava então
Por uma estrada perfeita, linear
Que como caminho da salvação
Pressupunha saber onde ia dar.

Entretanto faltava algo, parecia.
E aqueles de conduta irregular?
Para eles seu lugar onde seria?
Pois não vão suas almas salvar.

Se o caminho dos bons é a paz
De outros deve ter algum pesar
Por que não inventar o satanás
E o inferno que os faça queimar?

E assim o cristianismo foi capaz
De construir um diabo particular.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Laissez passer, Laissez faire


Deixar o porto talvez seja urgente
Talvez muito mais devemos anelar
Se não existe opção simplesmente
Continuemos, porém bem devagar.

Contudo, dialogar com ausências
Insanidade que nos põe no limiar
Contraria o que dispõe as ciências
E finalmente pode nos fazer chorar.

Não confie, o inevitável não existe
Tudo podemos, contanto, apesar
Consideremos o válido um chiste
Se não houver meio como evitar.

Então que a alma não fique triste
Pois assim nada a poderá salvar.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Desde sempre

Há, felizmente, grande diferença
Diria até, uma diferença cavalar
Que as vezes se torna sentença
Contra mulher e homem como par.

Elas, rápidas são multifacetadas
Homens, antes preferem pensar
Compra elas mudam em jornadas
Para eles será bastante só olhar.

Mas mesmo antípodas como são
Acabam em juras unidos no altar
E ainda que haja certa confusão
Se completam e desejam casar.

Assim é desdo éden, desde Adão
Homem e mulher não têm similar.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Amigo, eu digo

Não se compra ou vende amizade
Pois não é ato disponível no bazar
É deleitoso contato de intimidade
Entre os que gostam de se gostar.

Amizade muito diferente de amor
Jamais proíbe relação triangular
Generosa, abrangente, com calor
Quer o Planeta todo a se abraçar.

O amigo telefona de madrugada
Hora bem estranha para se ligar
Talvez converse e não diga nada
E seja apenas seu jeitão peculiar.

Amizade ilumina a nossa jornada
Desdo início até final crepuscular.

domingo, 14 de setembro de 2014

Sentido

Há que se ter muita sapiência
Há que saber o quanto esperar
A vida nunca será exata ciência
Que sabemos o quanto vai dar

Pois requer extrema paciência
Objetivo que se quer alcançar
Ainda que a nossa existência
Dediquemos toda a trabalhar.

E não haverá qualquer sentido
Em correr atrás simplesmente
Porquanto será tempo perdido.

Então, fazer como toda gente
Colocar os bois no lugar devido
E não atrás e carroça na frente.

sábado, 13 de setembro de 2014

Pressa de viver

Não há porque o tempo desafiar
E estar quase sempre de saída
Parecendo que não existe lugar
Onde possa contemplar a vida.

Quem muito corre não descansa
É pedra que rola e não cria limo
E com pressa cada vez avança
Para alcançar idealizado cimo.

Continua correndo a seu talante
Corpo faminto e alma em jejum
Embora alvo permaneça adiante.

E vê que no mundo é só mais um
Quase sem fôlego e resfolegante
Corre e não chega a lugar algum.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Esse destino

Não posso explicar meu desassossego
Há tantos desatinos que metem medo
Há respostas sem perguntas, há senões
Os quais esperam definitivas questões.

Em verdade tudo que existe é apenas
Insignificâncias essas coisas pequenas
Que para nós não acrescentam nada
E pouco influenciam na difícil jornada.

Vale mais esquecer essa vida insana
E apostar no que existe atrás do muro
Porque o que não é visto não engana
E o que for provado é sempre seguro.

Ei-nos portanto no rastro da caravana
Seguindo sóbrios ao encontro do futuro.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Blá, blá, blá...

A palavra essa total desinibida
É símbolo da nossa civilização
Sem palavra o que seria a vida
Sem poder afirmar ou dizer não?

Palavra nos acode em nosso PC
E flui facilmente, não é deletéria
Pense pois o que seria de você
Sem as palavras numa matéria?

Livros, maior feito da civilização
Pois são palavras o seu recheio
Inauguraram a idade da razão
Porque palavra é o fim e o meio.

Palavra será o bandido e o vilão
Porquanto nos mostra a que veio.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Consolo

Nossas tristes almas desconsoladas
As quais talvez por mera ignorância
Saíram de onde estavam acomodadas
Do barro que é nossa vital substância.

E não posso explicar desassossego
Que nossa mortal alma agora sente
Porquanto deixou o bom aconchego
Pra ser mais um peregrino somente.

Agora o Homo sapiens esse bizarro
Andrajoso ser que rasreja na lama
E se acha realizado com um carro
Descobre-se um escravo da fama.

E nunca mais quer retornar ao barro
Porque prefere dormir numa cama.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

O terceiro olho


-Doutor, estou com problema na vista,
Dentro do esperado não me encaixo
Não pergunte o porquê, não insista,
Mas nada vejo com o olho de baixo.

-Sim, eu entendo, mas seja paciente
Devemos examinar seu olho do cu
Porque um olho de trás consciente
O que entra enxerga bem prá chuchu.

Portanto fique aí parado sem medo
Se agache arreganhe bem a bunda,
Que lá no fundo colocarei meu dedo.

Mas se uma dor seu traseiro inunda,
Não se apavore, permaneça quedo,
Pois é sintoma de miopia profunda.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Pau nela!

A monstruosidade adentou nosso lar
E não mais tem retorno essa invasão
Acabou a calmaria mais que secular
O aqui e agora introduziu a televisão.

Merda de novela todo mundo gosta
E programas de inteligência escassa
Daquela caseira telinha só sai bosta
Não há reflexão alguma que se faça.

Conceito formado, apoio à violência
Má formação, prosopopeia e solidão
Nisso tudo falta qualquer sapiência,
A estultice impera na programação.

Para cada um melhor é abstinência
Ao que há na tevê melhor dizer não.

domingo, 7 de setembro de 2014

Acróstico erótico

Pequena, média ou grande seja
Representa o que o homem quer
Aquilo que qualquer varão deseja
Sua meta, onde uma racha houver.

Uma chana é perigosa armadilha
Assim também é sua proprietária
Com certo charme que até brilha,
Há atração que se diz necessária.

Onde surge ninguém é indiferente
Contrário até mesmo sua vontade
Haverá certo impulso para frente.
Oh fonte geradora de felicidade!

Também eu a quero minha gente
Aqui há verga em disponibilidade!

sábado, 6 de setembro de 2014

Ser poeta

Nenhum poeta ostenta serenidade
Se pretender um poetar fecundo,
Algo que desafie sua capacidade
Ou que abale o vazio deste mundo.

Porque não lhe é facultado também
Deixar as coisas em volta observar
Com muita acurácia como convém,
Depois compor um trabalho peculiar.

O poeta é o fulcro da humanidade
Sobre o qual a criatividade volve
Sem ele não haveria criatividade
Porque toda a literatura dissolve.

Filho de Érato diz apenas verdade
Que sabedoria do mundo envolve.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Ser poeta


O poeta não escolhe hora ou lugar
Como Dante lhe acode até inferno
Quando um evento lhe força pensar
Não lhe importa que seja inverno.

Portanto nas gélidas madrugadas
Quando sutil, alumbramento vem
A mente do vate não fica parada
Versos a seu caderninho também.

Porém há poetas que com graça
Turbinam sua veraz criatividade
E para isso, entornam a boa taça.

Então para a criação, na verdade
Valerá qualquer oferta da praça
Beber e jogar pro alto a seriedade.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Tubarões & homens

Quer a natureza que exista tubarão
E que tubarões homens não serão
Porque se houver alguma justiça
Que tubarões não entrem na liça.

Homens uns aos outros se matarão
O peixe viverá livre no mar imensidão
Homens lutando entre si por cobiça
E o esqualo nadando com preguiça.

Fiquem então calmos os peixinhos
Pois natureza não cometerá traição
Homens continuarão mesquinhos
E não liguem vocês pra esse peixão.

Seus destinos é viver bem juntinhos
Numa estranha e eterna comunhão.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A volta da inquisição


Confesso, política nunca foi meu forte
Embora assunto sério de vida e morte
Meus comentários poderão não valer
Porém sou brasileiro, tenho que dizer:

Se e quando elegermos pra presidente
Marina criacionista ultra intransigente,
Será deste Pindorama a maior besteira
E não digam: não é isso que se queira

Marina uma religiosa fundamentalista
Prega aos ventos um avançado atraso
E seu objetivo da modernidade dista,
E do sol da liberdade será um ocaso.

Se obscurantismo vencer, faço a pista
Pra República do Uruguai então eu vazo.

Somos o que existe!

A tal informática abriu um caminho
Pra nós, informais do verso e prosa
Comunicamos juntos, não sozinhos
E sem uma gramática maravilhosa.

Cria-se texto bom e bem ruinzinho
Cria-se história veraz ou mentirosa
Há escritores e estranhos no ninho
Com atitude em geral mui corajosa.

Então vamos analisar com carinho
Aqui só existe muita gente curiosa
E não misturemos água com vinho
Pois não temos escritores em grosa.

Não nos coloquem num pelourinho,
Existe apenas um Guimarães Rosa.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Gente como agente

Jesus com Madalena foi casado
Nada mais lógico minha gente
Se eles conviviam lado a lado
Por que não agir normalmente?

Pelo que sabem e pelo que sei
Jesus vivia e agia como varão
Entedendo que não seria gay
Espera-se ter cedido à paixão.

Viu aquela samaritana um dia
Conversa vai e conversa vem
Foram eles direto prá pretoria.

E exatamente como convém
Maria muitos filhos lhe pedia
A isso atendeu Jesus também.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Hora vazia


Chega compusoriamente uma hora
Na qual resta apenas a primavera
E o tique-taque nos diz: vá embora
Porquanto aquilo tudo que foi já era.

E apesar do colibri só resta o vento
Continuará ele soprando sussurros
No guardanapo branco um lamento
Que torna o alegre poeta casmurro.

Talvez seja uma hora de meditação
Para acertar o tal calendário parado
E presságio profundo uma comoção
Não torne esse vate tão amargurado.

E horas vazias de dias parados são
Próprias para esquecer o passado.