sábado, 31 de outubro de 2015

Poesia é cura


Ela, filha bastarda da literatura
Érato acode seres de alma pura
Longevo poema voa sobre eras
E você o compõe como quisera.

Quando o poeta o diz, está dito
Pois onirismo não gera conflito
Poesia, essa febre intermitente
Cordão umbilical que une gente

Pergunto, como o mundo seria
Sem os poetas, sem sua poesia
Talvez esse feliz enlaçamento

Compulse uma busca partilhada
Nos vetando que efeito manada
Conduza ao desumano desalento.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Caminho ignoto


Deambula pelo sinuoso caminho o vate
De semântica das palavras construído
Leva no bolso como forma de arremate
Promessa que não fora nem teria sido.

Derramando por esse percurso o olhar
Porque caminha por sendas que não vê
Como centopeia que não encontra lugar
Nem sequer entende o como e o porquê.

Deságua aturdido no universo um dia
Desabrido, perplexo, inefável, amoque
Depois do ante clímax que o envolvia.
Há que rememorar a vertigem do toque

O desenho que sua vagância percorria
E por certo amenizar estranho choque.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Navergar

Nas vagas sucessivas sem regresso
A navegar você suspira essa loucura
Vem e vai enquanto eu apenas peço
Encontre em mim aquilo que procura.

Goze em cada submersa convulsão
Abandone-se nesses gestos parados
Redobrado, queime o fogo da paixão
É navegar nesse barco abandonado.

Perdidos numa noite crua sem sonho
Rindo do que não tem a menor graça
Eu em você enlouquecido me ponho
Confiante que ao navegar tudo passa.

Inundado de você então eu componho
Se navegar é tão preciso, que se faça
O seu não regresso me fará tristonho.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Poetas

Não existe poeta de linhas já traçadas
Cuja vida fora escolhida previamente,
Bardo de alma e mente inconformadas
Vive apenas o dia-a-dia simplesmente.

Sua estrada sinuosa não será plana
Vai versejando ao léu pelo caminho
Em geral o acompanha Maria Juana
Porquanto ele jamais estará sozinho.

Vira estrela um poeta quando morre
Que é certamente uma compensação
Talvez reconhecimento que o socorre
Por seus dias de amarga desilusão.

Mas se quase sempre está de porre
Caga e anda pra esse velho mundão.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Meu ABC

Alguma coisa a poesia tem e merece
Basta olharmos com alguma atenção
Colhe palavras e compõe uma prece
Deixa porém, ao leitor entender ou não.

Efêmera, a poesia quase sempre será
Faz pensar, contudo ilustra o universo
Grande ou pequena tal poesia não há
Há somente rimas, métricas e versos.

Imaginemos, mundo de poesia carente
Jardim sem flores, será essa existência
Limiar de deserto, bem estéril e quente
Melhor a poética ceder lugar à ciência.

Nos sonhos mais sombrios do homem
O nosso mundo, no escuro desaparece
Porquanto poeta e seus versos somem
Quando lirismo o ser humano esquece.

Real é o mundo, porém a tal poesia não
Só existe porque o ser humano precisa
Tanto da fantasia, como da imaginação
Um vate, assim traduz sua ideia concisa.

Vamos, portanto com bastante emoção
Xingar aquele que pretere uma poetiza
Zelar para que vates vivam aqui então.


segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Morte e vida

Vida não é um caminho deserto
É circo animado, pelo contrário.
Que não se esconde no armário
E as tentações vigem por perto.

Não negligencie sua existência
Pois será a única que você tem
E não viverá a vida de ninguém
Por mais que prometa a ciência.

Então, quando a última hora soa
E aquele fio de alento se escoa,
Não  lamente num triste gemido,

Essa bênção agradeça à natureza,
Que te ofereceu com toda certeza,
Suprema dádiva de bem ter vivido.

domingo, 25 de outubro de 2015

Vida e morte

Se de muita tristeza uma vida for,
Será melhor que seja breve, então
Porquanto viver não é escravidão
Onde imperar o cruento desamor.

Viver é seguir breve luz matutina
Que justamente por ser tão breve
Toca-nos sutilmente, bem de leve,
Moldando o futuro de nossa sina.

Mas homem o destino não engana.
Lembre-se que vento dobra a cana,
E contudo quebra galho mais forte,

Vive melhor aquele que segue o rio
Sem imprudência de cometer desvio
Faz o destino, sem confiar na sorte.

sábado, 24 de outubro de 2015

Para Helen

Há um dia especial pra cada pessoa
E o dia é hoje, Helen, teu aniversário
Levante cedo, curta, fique numa boa
Então paz, e que nada seja contrário.

No seu lar manda apenas você patroa
Seja dura e mandona, se necessário
Assim a ordem na casa não esboroa
Não abra mão, mantenha seu horário.

Tua gravidez será tranquila, perfeita
O bebê nascerá saudável e bonzinho
Se chorar, qualquer mamadeira aleita
Logo mama e descansa no seu ninho.

O Fome zero e o Bandejão, essa seita
Podem sempre esperar um pouquinho
Então, você com a rédea bem estreita
Salve-lhes o dia dando a eles carinho.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Dia do Aviador


Tirar os pés do chão, eram anseios,
Ao custo de asas e motor a gasolina,
Escalar ares como fosse uma colina,
Coragem não lhe faltava nem meios.

Desde Da Vinci o sonho que rolava
Era contrariar a hercúlea gravidade
Que nos tiranizava, oh sem maldade!
Como fora uma férrea e eterna clava.

Então, eis que num belo dia francês
Como Ícaro, se travestiu o brasileiro
Ao céu se alçou não disse os porquês.

Não à gravidade ele falou primeiro
Independente do que pensem vocês
Conquista do ar, Dumont foi pioneiro.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Ignoto


O final da própria vida ninguém sabe
Ou quando estará deitado num caixão
Porém todos deste mundo o deixarão
Sem que, por causa disso, ele acabe!

Almas livres do corpo/cela, finalmente
Ao cosmo infinito flanando se alçarão
E se muitas almas forem outras virão
E o universo, neste caso, nada sente.

Então assim será por todas as eras
Pois viver para sempre não se espera
Porque compulsório que seja assim.

Enquanto aqui vivemos fomos alguém,
Como todos os seres o foram também,
Mas tudo se nivela quando chega o fim.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

sol


Ah, esse belo sol de todas as horas
Que brilha, alumia, seja lá o que for,
Que desfruto de sua presença agora
E no nascimento da noite vai se por.

Contudo o sol sendo tão benfazejo
Também possui outras qualidades
Então através de sua luz ainda vejo
O que é mentira, o que é verdade.

Ainda mais, o sol nos dará ensejo
De viver plenamente em liberdade
E claro, em harmonia como desejo.

Pois venha o sol com luminosidade
E na pele das pessoas dê um beijo.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Beijo maior

Um dia ainda vou te beijar com certeza
Mas não um beijo sóbrio, convencional
Beijo ruidoso, estalado, com framboesa
E que te fará deslumbrada em alto grau.

Injusto entretanto seria, minha princesa
Julgá-lo beijo de certo gajo cara-de-pau
Ou daquele que só vai deixa-la indefesa
Saiba pois que o beijo é transcendental.

O dia que acontecer este beijo sonante
Nada mais nesta vida portanto importa
Acolhe-o, desfrute-o então siga adiante.

Nem tampouco deixará sua boca torta
Talvez somente será tão reconfortante
E que te fará lembra-lo até estar morta.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Vida


Sonho contido em campos de liberdade
É o que enfim nos torna seres humanos
Porque é o sentido da vida na sociedade
Que nos move e está em nossos planos.

Quando dessa natureza escorre orvalho
Que molha o penoso caminho um tanto
Lembre que na existência não há atalho
Que minimize o sofrimento um quanto.

Porém se carícias essa vida te oferece
Lembre-se que um amor a tudo vence
E se triunfas ninguém jamais esquece.

Andando pelo jardim então não pense
Com o que aquela belezura se parece
Fazendo daquilo tudo um non sense.

domingo, 18 de outubro de 2015

18 de Outubro

Épicos tempos, Hipócrates primeiro
Depois Paracelso, Avicena e demais
Intensa busca de socorrer por inteiro
Avançar contra doenças antes fatais.

Deixou o esculápio de ser curandeiro
Ousou abandonar as mezinhas e sais
Sofisticou-se no tratamento verdadeiro
Medicina tem procedimentos especiais.

É fator de longevidade do ser humano
Dedicada a tratamento de fatal doença
Investiga e trata os males a todo pano
Com recursos além do que se pensa.

O médico poderá ser bom samaritano
Sabe tratar e, por isso, faz a diferença.

Ser poeta


Ser poeta não é escrever versos,
Tampouco alinhar algumas rimas.
Talvez ouvir a risada do universo
E estender aos lerdos sua estima.

Poetas não vivem alumbramento
Eles nascem com especial visão
Pois procuram na fímbria do vento
O fóton de luz e sua real posição.

E até ouvem estrelas dizem por aí
Coisa que não ouso mais duvidar
Embora tenha ouvido falar, não vi.

Os vates não comem, vivem de ar
E bebem néctar de cores, concluí
E então encontram outro patamar.

sábado, 17 de outubro de 2015

Crianças são poetas


O  abrutalhado homem nada vê
Sobre as coisas simples da vida
Se não está no jornal ou na tevê
É coisa totalmente desconhecida.

No alto só enxerga tempestade
Onde existem nuvens de algodão
Tudo de acordo com sua vontade
De não crer na verdade da ilusão.

Contudo ainda haverá esperança
De observar as belezas do mundo
Através dos olhos de uma criança.

Pois para ela a cada milissegundo,
Maravilha que aos olhos não cansa,
Percebe o universo mais fecundo.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Ao Celacanto


Oriundo das profundezas abissais
Celacanto um último sobrevivente
Entretanto parecia que ele jamais
Ligaria aquela existência à gente.

Amalocado por milhões de anos
Colocou-se fora de nosso alcance
Até que um pescador desumano
Na sua rede o retirou num lance.

Tal ser vivo mais velho do planeta
Ou o mais enigmático elo perdido
Veio o homem e aplicou-lhe treta.

Interessante o que poderia ter sido
Viver onde mais ninguém se meta
Em vez de uma vida sem sentido.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Aos mestres

Desde o alvorecer mais remoto
Inda que não lembremos disso
Aquele ser dedicado até devoto
Deu à sabedoria um maior viço.

O amanhã incólume, continua
Professores são nosso baluarte
Respeitá-los na sala ou na rua
Os formadores ídolos destarte.

Fazem surgir homens espertos
Escola é um templo iluminado
Sobre isso nós estamos certos
Sem ela nada há, só passado.

Ouçamos com ouvidos abertos
Regidos pelo saber ministrado.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

À pobreza

Sobre esta terra apenas injustiça
Onde a pobreza morre de fome
Nas mansões ricos fogem da liça
E os demais a miséria consome.

Todos nós portanto somos iguais
Ou alguns por méritos escolhidos?
Às pessoas ricas cada vez mais
Pobreza como sempre tem sido?

O pior desse mundo muito injusto
Besta, deplorável e amaldiçoado
Resiste a melhorias a todo custo.

E nós vamos caminhando ao lado
Zanzando até ficarmos vetustos
Andando até estejamos cansados.