segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Inevitável

Não há como negar essa progressão
Os pais geram filhos que geram netos
Construindo a mais perfeita sucessão
Como fosse determinado por decreto.

E os rebentos vêm naturalmente então
Num suceder admirável, bem concreto
E como ao inelutável destino dizer não,
Se ao escrito não podemos impor veto?

Porquanto essa é a sequência natural
Que perpetuação da espécie permite
De forma que cada um gera seu igual.

Assim, faz uma sequência sem limite
Então amoque, vai rolando até o final
Que não há força do homem que evite.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Na Austrália


Avô é um deslumbrado completo
Não há desatino que não cometa
Imagine que prá conhecer o neto
Feliz viaja até metade do Planeta.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Uma manhã

Quando o poeta elude um passeio
Pelas quantas páginas da literatura
O faz tranquilo como em devaneio
Colocando tempero nessa mistura.

Tanto Machado assim como Gullar
Inspiram a construção desse poema
Frente a Kant não o vi se acanhar
E distante Nepal entrou no esquema.

É rei da mistureba caudaloso bardo
Tudo ele considera simplesmente
Jogo de palavras tampouco é fardo.

Criatividade pois lhe vem à mente
Eu é que lhe pareço um tanto tardo
De não entender por mais que tente.

Efeito colateral

Pensando debaixo deste velho teto
Me pego dando trato à imaginação:
Não existe esquema algum secreto,
A natureza, ao marasmo lhe diz não.
Neste mundo sempre vivo, inquieto
Vejo uma necessidade da evolução
Pois o planeta não deve ficar repleto,
Se fecha a janela, abre-se um portão
Quando naturalmente nasce o neto
Avós? prontos para outra dimensão.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Aquela voz

A noite envolta em silêncio imenso
Que dentro dele carrega nostalgia
Enquanto eu impressionado penso
Que as trevas expulsam a luz do dia

Me flagro então a constatar assim
Sobre quanto esse mundo é vazio
E acabo tendo certa pena de mim
Porquanto tudo que me cerca é frio

No escuro penso o que será de nós
Neste universo silencioso, opressor
Esperançoso quero ouvir alguma voz

A qual venha do além ou de onde for
Seja ela branda, comezinha ou atroz
Mas que disperse esse horrível torpor.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Os genes se espalham

Soneto-acróstico que deveria ser publicado em 22/02.

Real e grande significado pra mim
Uma viagem revestida de emoção
Meio planeta, quase junto ao fim
Onde os cangurus e coalas estão.

À viagem digo que não será ruim
Apenas cansativa, jamais em vão
Um encontro de familiares assim
Sorrir pro neto, ser um avô babão.

Talvez não ser a cereja do pudim
Repõe equilíbrio nesta população
Álacre pelo neto, a Liam digo sim.

Liam, um australiano meio chorão
Inicia portanto, sua vida de delfim
Avós e os pais sorridentes estão.

Existence

Como Ponce de Leon, ele procura
Da felicidade sua origem, sua fonte
Pois esse homem quer ter a ventura
De alcançar o longínquo horizonte.

Então haverá de encontra-la um dia
E, ávido, bebe-la em grandes potes
Contudo ao invés de riso e euforia,
Apenas sonhos terá como Quixote

Portanto, meu amigo, olhe, perceba
Da fonte que achar tome como vinho
Porque o exagerado que mais beba
Encontrará alegria só um pouquinho.

E talvez de melhoria nada perceba
Pois se perdeu no meio do caminho.

Berna

Curva do Aar, cidade quase eterna
Curiosa relíquia que já foi romana
Suíça ilustríssima cidade de Berna
Acolhedora, tradicional e humana

Com justiça, um patrimônio cultural
Pelo mundo civilizado reconhecida
Estando no topo do ranking mundial
Mostra uma humildade agradecida

Lá Einstein trabalhou em patentes
Também nasceu Paul Klee, o pintor
Berçário dessas tão ilustres gentes

Que mostraram ao mundo seu valor
Os que para lá vão ficam contentes
E trazem na bagagem melhor sabor.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Après les rapports sexuels, la fin

A sensualidade fluindo como um rio
As bocas que não encontram limites
Pois é primavera, a estação do cio
A qual aos amantes estende convite

Para o amor sensual e reprodução
Que num frenesi como num festival
Mostram delírios de sexo e paixão
Onde tudo vale de maneira especial

Entretanto tudo que começa termina
Com bocas emudecidas e olhar frio
Deságua naquela espécie de rotina
De amados que se ligam por um fio

De um amor que apenas se imagina
Antes de cair naquele interstício vazio.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Reflexão


Porquanto tu, por distante que fores
Na busca de prazeres quase perfeitos
E sem querer te afastas dos amores
Em tais caminhos longos e estreitos,

Confie na branca aragem, portanto
E guarde segredos dentro do peito
Se não te conformares, no entanto
Sonhe os sonhos meditando no leito.

Pois teu amor pintado em aquarela
Tal como aponta tua velha intuição
Bem fundo como em escura capela.
Temores em perene silêncio então

Onde a imagem querida você vela
E onde a sabedoria e o amor estão.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

À vida

Entre milhões de nadadores semelhantes
Sobressaiu apenas o agilíssimo vencedor
Porque portador de desejos dos amantes
Enviado nessa missão plenitude de amor.

Rapidamente em bem poucos instantes
Meteu-se na pele vitelínica esse nadador
Assim como tantos outros fizeram antes
Tendo pois chance de um rebento compor.

O que lá chega quer deixar descendência
Zeloso da responsabilidade que mantém
Óvulo o acolhe tal como define a ciência.

Instinto de perenidade como lhe convém
Depois basta a mãe grávida ter paciência
Esperar por nove meses que o bebê vem.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Sol de bolso


Trago em meu bolso, aqui dentro
Um sol que apenas sombras emite
Porque o outro do sistema é centro
Este conhece seu pequeno limite.

Este dissipa a escuridão somente
Não ilumina o desalento humano
Mas homem que o carrega sente
Que aquele outro sol é um tirano.

Quem o carrega é independente
E não terá sua vida devassada
E ainda que ele não seja quente
Será sua companhia na estrada.

Sem incômodo de calor ardente
E não precisa liga-lo na tomada.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Neto ou neta

Soneto-acróstico

Quando algo ocorre na sua entranha
Um remexer bem vivo talvez inquieto
E você, por desavisada até estranha
Haverá por acaso um evento secreto?

Átimo de vida a qual rápido te ganha
Nada tão diferente debaixo desse teto
Apenas normalidade nada de façanha
Barriga gestando um vivente completo.

Afinal, ali não há qualquer artimanha
Representa a barriga um fato concreto
Reduto do ser longe dalguma sanha.

Indiferente a esse mundo está o feto
Gestado pela mãe que o acompanha
Assim nascerá minha neta ou neto.
?

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Jogar o jogo

Esse antigo jogo de perde e ganha
Se desenrola neste nosso dia-a-dia
Sendo um jogador cheio de manha
Essencial que mantenha a ousadia.

Jogo que toda esta vida acompanha
Onde não aconteça qualquer apatia
Ganhando nunca seja uma façanha
O jogo pede até na derrota, alegria.

Devido ao resultado daquela disputa
As vezes se diz de cartas marcadas
Veja bem, este jogo um meio de luta
Indiferente a quem faz suas jogadas

Deixe que falem esses filhos da puta
Apenas jogue mas não faça cagadas.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Ao amante


O universo conspira para esse amor
Mais do que poderá imaginar alguém
Inexiste sentimento onde não haja dor
Logo, onde um está outra vai também.

Agora és átomo voando com beija flor
Guardanapo amassado sem ninguém
Resta a barra de chocolate com sabor
Enquanto tal amor esperado não vem.

Deus, certamente, terá pena de você
O canto de pássaros cedo anunciarão
Aquilo que por ser esconso não se vê.

Mas, talvez, tudo termine numa oração
Onde apenas não se pergunta o porquê
Receio que por medo de ouvir um não.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

O bom caminho


Por que uma vida assim tão estranha?
A qual corrompe, engana e amargura
Porquanto com isso enfim nada ganha
E talvez te estimule à terrível loucura.

Por que da vida todas as leis profana?
E grita aos céus blasfêmias eloquentes
Que desrespeitam a condição humana
E ofendem profundamente as gentes?

Tu estás inspirado em desejos loucos
Incapazes de se sincronizarem à vida
Repare que esses sonhos são poucos.

Que te levam a uma estrada só de ida
Onde não se ouve seus apelos roucos
Muito menos se cura sua alma ferida.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Mundo cruel


Caminho solitário, indiferente à luz
Não busco entender meus sentidos
Nem noto as cores, sequer os ruídos
Não ligo pra onde estrada me conduz.

Pela poeira e região hostil eu navego
Traçando linhas como fossem retas
Busco sempre nada, sem seguir setas
Tateando aqui e ali como fosse cego.

Pois nada tenho, só uma alma vazia
E meu coração que esconde verdade
Pois tudo que houve não mais existia,

E jamais dependeu de minha vontade.
Com este mundo não sinto  sintonia
Porquanto está saturado de maldade.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Como John Donne


Se você produziu texto algum dia
Sobre qualquer assunto em pauta
Nada mais fez que auto biografia
Sem esquecer os ganhos e faltas.

Porque autor apócrifo não existe
Desnuda-se ao escrever o escritor.
Mesmo com sua atenção em riste,
Mostra-se todo sem tirar nem por.

Temeroso, escritor coloca cabresto
Mas inconsciente funde-se ao texto
Pra se esconder produz maravilha

E pensa que escondeu-se por trás
Ledo engano, meu profícuo rapaz!
Porque nenhum escritor é uma ilha.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Tempo

Obtuso e arrogante segue em frente
Tem pelos seres apenas indiferença
Ele é supremo e nada sabe de gente
Mas desprezando-nos, sem ofensa.

Porque o homem se julga inteligente
Opina-se de uma relevância imensa
Tentando fazer do tempo seu cliente
E ri dele o tempo, pelo que ele pensa.

Mero ente bípede que pelo solo anda
Todo homo acha que tempo escraviza
E sequer percebe que o tempo manda.

Mesmo sabendo que tempo não avisa
Persiste achando que tempo demanda
O que leva a, no final, colher só brisa.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Educando filhos

Sim, concordo com certeira diretriz
Porque educar não é meter a mão
É cobrar com firmeza como se diz,
Mais exemplo da familiar formação.

Pois pai e mãe cada um é aprendiz
Portanto nada de moderna frouxidão
Senão depois vem: que foi que eu fiz?
Como fora então alguma explicação.

Tal pepino, se torce bem cedo o petiz
Mais que presente, da-se-lhe atenção
Pra que no futuro não seja ele infeliz.

Tampouco, na vida seja um sem noção
Contudo saiba onde colocar seu nariz
Graças a ter entendido que não é não.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Pomar do Éden


Pois, algum dia alguém me disse
Que prá ser criança basta querer
Recordar os tempos de meninice
E na imaginação os fatos reviver.

Porém nem tudo é simples assim
Há que lembrar que tudo fenece
Igualmente as flores de um jardim
Falece um dia aquilo que cresce

A infância desfaz-se como rojão
A inocência infelizmente acaba
Pomar de adulto não tem jamelão,

Pêssego, maçã, jaca e goiaba.
Por isso, aqui vale a indagação:
Será que no Éden há jabuticaba?

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Ontem

Ontem, de acordo com os calendários
Bodas de Prata Dourada, pra nós era
Recebemos cumprimentos solidários
Instigantes, sinceros, bastante à vera
Gratos aos companheiros de jornada
Aqueles que a vida nos dá de graça
Deixamos portanto, a todos e a cada
O maior amplexo que existe na praça.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Casamento


Nos idos de setenta e dois, passado
O então jovem Jair, terceiro sargento
Viu a Brandina num passo apressado
E foi tomado por intenso sentimento.

De fato, no cinema sentou a seu lado
E o namoro portanto teve nascimento
Fez ela do palmeirense seu namorado
E sempre juntos em qualquer evento.

Vivemos o namoro que virou noivado
Em 74 nove de fevereiro o casamento
Reunindo os dois por amor tomados
E lá se vão décadas desse juramento.

Incabível alguma coisa desse errado
Resultante desse bom entrosamento
O que temos é isso mesmo, obrigado!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Obrigado!

Agora que o tal dia sete já é passado
Gostaria de externar a minha emoção
Relativa a esse tempo que me foi dado
A minha entrada no clube do setentão.

Deixei de me sentir meio incomodado
Em ter perdido agilidade e ser ancião
Cada um a seu jeito, no seu quadrado
Infeliz querer parecer o que não é não.

Meus conhecidos e amigos, obrigado!
Eu não programei qualquer celebração
No entanto, meu dia foi bem animado.

Toda esta gente apertando minha mão
Obrigando-me a confessar, admirado
Se assim o dizem, só podem ter razão.

Senil

Olha aquele ser que vai se arrastando.
Será o dinossauro que se perdeu por aí,
Então está ao léu procurando o bando,
Perplexo, não se acha, e não caiu em si?

Tem olhar vago a dizer, como, quando?
Um dia fui passear um tanto e me perdi
Agora não sei se vou, volto, me mando.
Gastei energia, até nas calças fiz xixi.

E bem forte já foi, hoje do vento apanha
Nota-se como fazendo parte do cenário
Átomo perdido na teia de uma aranha.

Resta-lhe este arrastar lento e solitário
Indaga-se quem é essa figura estranha?
O que vemos aqui? é o septuagenário!

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Decrepitude

Dizem que velho está na melhor idade
Diz isso aquele que não sabe de nada
Conduzir anos na cacunda é maldade
Porquanto é muito longa essa estrada.

Com meus setenta anos, haja saudade
Dos tempos que tinha vigor a moçada
Agora andar daqui prali, é calamidade
Que é muito custosa e até engraçada.

Entretanto, existirá uma melhor opção,
Que dê ao septuagenário algum norte
E que o faça à decrepitude dizer não?

Claro meu amigo! todo velho tem sorte,
Pois no final da vida haverá comunhão:
Entre esse anoso ranzinza e sua morte.

Nasci em 07/02

Maturidade, um martelo de dois cabos
Exótico, mas usá-lo ninguém sabe não
Um septuagenário só lhe falta ter rabo
Assim, nem é algo, é um mero ancião.

Nada lhe adianta a falada experiência
Inserido neste mundo que não entende
Vai indo com suas dúvidas e carência
E ninguém o vê, como fora um duende.

Rabugice as vezes não lhe é estranha
Se dá ao luxo rabujar quando convém
Álacre também é, mas cheio de manha.

Ri das pernas cansadas quando as tem
Inativo, na tevê as notícias acompanha
Onde houver uma poltrona, se dá bem.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Para Augusto

Algum dia na distante Ilha do Desterro
Um guri nasceu para alegria dos pais
Ganhou toda afeição, cuidado sem erro
Um lar que até lhe oferecia muito mais.

Só que agora arribou, criou asas pois
Tem sua swite home no irmão do norte
Onde possui um filho e, em breve dois
Logo, parece cara de bastante sorte.

O que quero é a ele felicidade desejar
Porquanto boje é dia do seu aniversário
Ele, Helen e o João, devem comemorar
Seu nascimento neste signo de aquário.

Meu filho Augusto aniversaria hoje

Aniversários tão somente marcos são
Unem o passado ao que virá adiante
Gozam Status de data de celebração
Um dia para antes, o depois e durante
Sendo que pra se comemorar ou não
Terá que saber que é evento marcante
Ouça somente o que fala teu coração.

Logo, aproveite os teus trinta e tantos
Onde tens disposição e tônus muscular
Pique, saúde e és infenso a quebrantos
Então, desfrutes a saudável vida no lar
Sorvendo dessa mocidade os encantos.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Tributo a Stanislaw Ponte Preta


No planalto central existe uma ilha
Onde dia-a-dia manda a corrupção
Lá no valhacouto chamado Brasilia
Ao dinheiro sujo nunca se diz não.

Esse povo que mantém os bandidos
Sofre fome e sede no Brasil afora
Mas político só olha despossuídos
Quando quer seus votos aqui agora

Nas podres raízes desta sociedade
Politicagem é uma caixa de Pandora
Onde viça a rapina e morre a verdade
Pois que roubar é lema de toda hora.

Portanto, restaure-se a moralidade
Ou locupletemos todos sem demora.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Beber

Ora, moldura boa enobrece a tela?
Vaso quebrado deixa planta ruim?
Indiferente o conteúdo que há nela
Nunca mudar-se-á a essência assim.

Há vinho nobre e o tal vinho barato
Ou você toma porre, ou o degusta
Barato e ruim é realmente um fato
Ainda que o preço do outro assusta.

Ressaca faz parte, sonrisal também
Apenas beba, nossa vida é libação
Tanto quanto é bom e lhe convém
O resto. pura bobagem de santarrão.