terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Sonhando

Nos diz algo, às vezes, nosso sonho
E o faz por parábolas, a sua maneira
Nenhuma seta apontando ou certeira
Porém com alguma sutileza, suponho.

Conquanto o que é deveras relevante,
E que deve-se sempre levar em conta
É que propostas que um sonho monta
Não nos mostra como seguir adiante.

Eu pergunto: sonho é apenas utopia?
Uma maneira de transpor a realidade,
Algo que desaparece ao raiar do dia?

Sonho é um desejo oculto, na verdade
E alguma coisa que se não fosse seria
Mesmo de acordo com nossa vontade.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Do alto da arrogância do poder

É natural sonhar que estou numa ilha,
Onde as coisas estão sob meu talante
Sou rei, dono, aquele criador brilhante
Que manda e sobretudo mantém vigília.

Esse pedaço de sonho é como Brasília
Grande e ineficaz como o alvo elefante
Sem olhar em torno, então sigo adiante
Enquanto a politicagem este povo pilha.

Enquanto eu cego numa torre de marfim
Não consigo ver que está ali perto o fim
E tudo que é sólido se desmancha no ar.

Meu mal que tão nefasto se faz ao país
É conter falso brilho de superficial verniz
E esquecer que rapina o povo vai pagar.

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Folias momescas!


Imagem - carnavalop.com.br

Assim vão-se os tais larápios de Brasilia
Fim dos trabalhos despendem-se esses ladrões
Imensidão de roubo nos seus bolsos brilha
Negaças, maracutaias, muitos milhões
A roubalheira é rateada pra matilha
Longe de câmeras, mais longe dos salões.

É carnaval, vamos gastar o que se pilha

Caros cidadãos, muito obrigado por tudo!
Agora no recesso, não fazemos o mal
Resolvemos descolar a franga no entrudo
No bloco dos sujos, também no bacalhau
Ah! lembre que todo político é sortudo
Vai, na rapina, subindo degrau a degrau
Alcança até uma presidência sem estudo
Livre para sempre, este é o país do carnaval

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Meu calvário

Um dia a saúde tão velhaca, nos falha
Meio que coisa certamente já esperada
Porquanto, na luta da renhida batalha
Resulta que, por vezes, levamos porrada.

O melhor é cuidar logo, contrário espalha
Como recomenda a situação delicada
Errado é resignar-se, jogar a toalha
Deixe nas mãos da medicina essa parada.

Insano então, não encarar essa verdade
Mandatório, efetuar um procedimento
Escolher viver talvez uma longa idade.

Nada, com certeza, seguro cem por cento
Também, sequer apresentar fragilidade
O que importa será ganhar um novo alento.

O que é destino?

À frente nada se vê, apenas névoa baça,
Incerteza que tudo alcança e tudo cobre
Não há expectativa, como vida de pobre
Parece que apenas dúvida sutil e crassa.

Quem, ante desse quadro, destino traça?
Quem terá essa determinação tão nobre?
Tão ampla persistência que a todos sobre
Derramando sua virtude por onde passa?

Não sei, para onde olho só cupidez vejo
No fim desse túnel nenhuma luz sequer
O futuro, parece, não se faz com desejo.

Existe, o dizem, seja o que deus quiser
Estaremos todos a mercê de seu ensejo
Vítimas dos males que com destino vier.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Rio da vida

Igual um rio, vejo a existência que passa
Como caudal silencioso, tristonho e lento
Algo levianamente sem nenhuma graça
Como, talvez estátua resistente ao vento.

Pois, observa-se que assim a luta é escassa
Apática, contrária, sem qualquer alento
E desvio de conduta certamente enlaça
Dependente somente daquele momento.

Tal um rio, não voltam as águas passadas
Fluiu no passado, como neste presente
O que se foi, trata-se de favas contadas.

Contudo só permanece aquilo que sente
Os eventos, acontecimentos e os nadas
Sem deixar espaço para que se lamente.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Noite atroz

O dia se vai, em consequência anoiteço
A noite está lá fora como dentro de mim
E angústia do anoitecer é só o começo
De uma insônia que parece não ter fim.

E meandros de Hipnos devagar eu teço
Uma fila de carneirinhos saltando assim
Naquela associação que não tem preço
Vou contando um a um, tintim por tintim.

Contudo a noite sendo infinita, continua
Independente de quando aparece a lua
Sinceramente, não sei o que ela me faz.

Porquanto, essa noite é minha inimiga
Não diz a que veio enquanto me intriga
E, indormido, continuo procurando paz.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Questão de olhar

É tudo verdade? as vezes me pergunto
Será, tão somente essa pilhéria, a vida?
Que se mostra à nossa vista estarrecida
Onde maldade e falcatrua é O assunto?

No país que político e o roubo vem junto
De maneira a população sentir-se traída
Estática, exânime, num beco sem saída,
Como a antecipar seu estado de defunto?

A esperança que seja um sonho apenas
Pois que sejam passageiras essas cenas
Que um dia a verdade verdadeira vença.

No decorrer, do bônus levante-se o véu
E que a vida seja como mamão com mel
Elimine para sempre o mal e descrença.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Miragem

Vendo o verde da relva, tudo está bem
E, como se nada fosse, sopra o vento
Som das cigarras de muito longe vem
Funcionando implícito tal chamamento.

Porém há no ar certo modo de espera,
Que apela à inércia de um caminhante
Estático, fica pensado na sua amante
Enquanto o seu cativo coração acelera.

Não existe assim movimento rompante,
Ainda que uma araponga oculta cante.
Pois aquilo tudo faz parte da paisagem

Então tudo está bem como deve estar
Fazendo parte duma existência regular
Bem real, tão real como uma miragem.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

A Morte

A inescapável morte, esse tremendo evento
Um sonho crudelíssimo, assim nos parece
Ainda que ninguém veja nela, benesse
Alcança a humanidade cento por cento.

E talvez alguma reflexão aqui coubesse
Um meio de desviar nosso pensamento
Que ela venha de muito longe em passo lento
Chegando bem suave, sem causar estresse.

E, quando chegar, não cause nenhum tumulto
Pois bata com suavidade à nossa porta,
Sem alguma maldade ou preconceito oculto.

Haja ela com naturalidade bem aberta
E não nos cause transtorno nem insulto,
Nos convencendo que é esta a coisa certa.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

...e deus criou a mulher


Beicinho sensual, curvas voluptuosas
Rainha inconteste de charme e beleza
Influenciou nossa geração sem glosas
Grã representante da mulher francesa.

Insisto, Bardot era única, era pioneira
Trouxe ela à tela grande seu nu frontal
Testículos ouriçou, queira ou não queira
Em cada homem, um fã incondicional.

Bardot querida, já tua figura jus não faz
Aquele monumento erótico que tu eras
Refinada sensualidade que nos apraz.

Deliciosa fruta proibida de outras eras
Onde havia certo recato se fosse capaz.
Tu trouxeste ao mundo as nossas feras.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Eis-me


Caricatura produziida por Cícero


Cabelos escuros e magro, velho quase
Ereto apesar da idade, médio na altura
Sisudo e observador, e indistinta figura,
Amante das palavras, fazedor de frases.

O beletrista, que nunca desprezou a crase
Cultor do vernáculo da linguagem pura,
Autodidata, enxerga na escrita, cultura,
E não crê que a necedade, algo bom embase.

Indagativo, tranquilo e bastante cético
As vezes profundo, sempre tão curioso
Pensa que pensa, sabe-se peripatético.

Eis-me desprendido, tímido, bondoso
Comunicador sofrível, falto e sincrético
Entretanto, ouvinte mais que atencioso.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Essa tal noite

Noite atra a morte anunciar costuma,
Pela sua escuridão me surpreende
Velando luzes do dia uma a uma
Quando brilho das estrelas acende.

Negror, tal moradia de duende
Então perfeita, antes que afinal suma
Some se a tal claridade se estende
Escondendo-se bem além da bruma.

Porém a noite é simplesmente amiga
Mistérios do dia que outros intriga
Envolve no seu manto e bem e o mal

Cobrindo agruras dos homens com véu
Impedindo que se desvende o céu
Que é o mistério mais obscuro afinal.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Migração interna

Quando o caipira deixa o campo amado
Desfaz as raízes e a antecedência,
Optando por cidade e a violência,
Se torna um retirante deslocado.

Antes camponês e agora um coitado
Deixou no pasto da vaca, a inocência!
Dessa vida servil, não tem ciência
No meio do rebanho, é simples gado.

Na lida do campo, sinceridade
A urbe, estranha maldade encobre
É donde se vê o cinismo e a inverdade.

E não há virtude que não soçobre
Há culto da riqueza e da vaidade
Ricos só vivem a custa do pobre.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

A saga do Molusco



Arrogante, o Molusco se acha soberano
E ignorância dos adeptos mantém acesa
Com discurso pilantra, pleno de esperteza
Bem astuto, contra a justiça articula plano.

No afano, “não sei de nada”, sua torpeza
Político sagaz, alterna roubo e engano
Dizendo-se honesto, tal um ladrão insano
Porém bem atento à justiça portuguesa.

Orgulha-se de sua gestão inclusiva
Pois que, realizou desejos da pobreza
Porém, a par disso, ele e sua comitiva
Locupletam-se em mordomias da riqueza.

O Molusco baba pela elite lasciva
E nem tríplex sabe dizer, o língua presa.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Fim dos tempos


Veja a mata, a pouca mata que resta
Lá piavam aves e um rio corria
Nesse ambiente alguma cotovia
Tinha morada no antro da floresta.

Pavor do desmate se manifesta
Num leito seco onde rego havia
Em nada lembra a antiga alegria
Quando fauna e flora faziam festa.

Digo: a humanidade tem solução?
Homo sapiens, Midas ao contrário
Transforma em caca tudo que põe a mão.

Ao invés de criar, desmonta o cenário
E a linda natureza ele diz não
Age como um semideus arbitrário.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Noturno

Noite, filha do mesmo pai mas, do sol rival
Também, guardiã do atro, e oposta a luz do dia,
Então tu nascestes do astro-rei em agonia,
Mas findará quando este voltar, afinal.

Ao menos, escondes tanto o bom como o mau,
Tal como obstando tudo com sua magia
Enquanto a luz, este Planeta desvaria,
Noite que acorda o noctívago bacurau.

Entretanto, tu vais adormecer também
Como deste negror estivesses cansada
E vais saindo, enquanto novo dia vem.

Daí desaparece como fosses um nada
Dormindo tão somente de dia, porém
Pois permaneceu desperta de madrugada.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

O nada existe


Além da fímbria do Universo conhecido
Existe mais, muito mais que se imagina
Talvez negror tenebroso, ou névoa fina
Abrindo-se pro nada sem algum sentido.

Vácuo perfeito, em que tudo foi diluído
E sem explicação e qualquer visível sina
Sequer externalidade, mesmo pequenina
Ali não há início do que foi ou teria sido.

Mais importante, terrível imensidão
Onde qualquer vida nunca teve pulsão
Pois não há forma, não há matéria tampouco.

É o local onde nasce o tal tédio que mata
Como fora da natureza a eterna errata
Criação excêntrica de um ente louco.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Somos tudo

Peripatético, penso enquanto andando
E apenas sinto o mundo diante de mim
Mutável, este mundo que não era assim
Entre estes meus passos, continua mudando.

Ontem se fora, o agora, futuro esperando
Pedaços fundem no cenário de jardim
Num entrelaçar sem algum começo e nem fim
Mais parecendo certo coletivo, um bando.

Os quais obedecem leis e fases universais
Que rigorosamente não mudam jamais
Porquanto se moldam a um anterior rito.

Que desdobram eventos rigorosamente
Igual exatamente isto que a gente sente
Como a fazer parte do que está bem escrito.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Bodas


Valia até casaco vermelho nos anos 70

Pois, aconteceu há quarenta e três anos
Depois de dois anos de namoro normal
A Brandina e o Jair uniram os panos
Fizeram em Floripa, um casório formal.

Viajaram a Foz, de acordo com os planos
Sinceramente, este um passeio nada mau
Não houve óbices, tropeços ou desenganos
E a Brandina ganhou no cassino, afinal.

Vieram, no devido tempo, dois rebentos
E que hoje estão vivendo em outros países
Ensinamos que devem se manter atentos.

Portanto, nunca esqueceram suas raízes
Mas eles têm filhos em seus casamentos
E, parece, sabem onde põem seus narizes.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O mal é o homem


É mais uma cobrança que a floresta faz
A mataria, pelo ser humano aviltada
Febre amarela, desativada lá atrás
Em rápido surto dizimou a macacada.

Bastou que bicho homem fizesse cagada
Retirando árvores que viviam em paz
E febre chegou tal como quem não quer nada
Atacou bugios, homens de modo voraz.

Mas, felizmente, isso tudo tem solução
Assim, vamos todos procurar a vacina
Risco nenhum tem,  e salva uma multidão.

Então vamos ao Posto logo ali na esquina
Lá, depois de vacinado o homem fica são
Apenas saiba, micos sofrem mesma sina.