segunda-feira, 6 de março de 2017

Inelutável destino

Morte: está escrito, todos vêm a mim
Portanto, não há nada que se faça
Tentar se ocultar, driblar é pirraça
Tampouco vale gastar seu latim.

Os seres caem no meu colo, enfim
Onde afunda a arrogância e a graça
e meu poder se estende a qualquer raça
Deixando claro qual vai ser seu fim.

De nada valendo esquivar-se então
Nunca me importa quem eu desagrado
E se alguns vão lamentar e outros não.

Minha missão: arrebanhar como gado
Fauna, flora, gente grada e até povão
E todo mundo volta ao pó degradado.

2 comentários:

  1. Caro amigo poeta Jair, realmente, a missão da ceifadora é arrebanhar tudo aquilo que vive.
    Quando eu era bem jovem, via no poema do Bandeira (colado aqui)
    pura ficção, algo além da linha do horizonte, entretanto, hoje, parece-me algo bem palpável.

    MANUEL BANDEIRA
    ...
    Consoada

    Quando a indesejada das gentes chegar
    (Não sei se dura ou caroável),
    Talvez eu tenha medo.
    Talvez sorria, ou diga:
    - Alô, iniludível!
    O meu dia foi bom, pode a noite descer.
    (A noite com os seus sortilégios.)
    Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
    A mesa posta,
    Com cada coisa em seu lugar.

    Um abração. Tenhas uma ótima semana.

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  2. Não tem dúvida tratar-se de um poema muito bem construído, bem pensado, tudo como realmente é. E escrito com beleza, até. Mas que coisa mais impactante quando pensamos nela...Que coisa alucinante! E aí pergunto qual é o sentido de tudo isso?
    Abraço, amigo!

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